PRINCÍPIO DE GÊNERO
"Gênero está em tudo; tudo tem o seu Princípio Masculino e Feminino; o Gênero se manifesta em todos os planos.”
INSTRUÇÃO VII
O sétimo princípio dos ensinamentos herméticos é o Princípio de Gênero, que contém a verdade que há gênero manifestado em tudo, que o Princípio Masculino e o Feminino estão sempre presentes e em ação em todas as fases dos fenômenos e em todos os planos da vida. Gênero no sentido hermético e sexo no sentido biológico não significam a mesma coisa. Gênero é palavra derivada da raiz latina que significa gerar, procriar, produzir. Uma consideração momentânea mostra que a palavra tem um significado mais extenso e mais geral que o termo sexo, que se refere às distinções físicas entre as coisas viventes machos e fêmeas. O sexo é simplesmente uma manifestação de gênero em certo plano do Grande Plano Físico: o plano da vida orgânica. O Princípio de Gênero é criar, produzir, gerar, e suas manifestações são presentes em todos os planos do Universo. Este Princípio está presente nos corpúsculos da matéria, prótons, nêutrons, elétrons e todas subpartículas atômicas, estruturas que giram uns ao redor dos outros e vibram num elevado grau de intensidade. O átomo, por exemplo, é um grupamento de partículas negativas ao redor de um núcleo positivo, uma provada influencia dos corpúsculos negativos sobre os positivos fazendo com que formem combinações diversas e assim cria e gera diferentes átomos, em concordância com os antigos preceitos herméticos que sempre identificaram o Princípio Masculino com o Pólo Positivo, e o Feminino com o Pólo Negativo.
Os termos Positivo e Negativo têm tido um conceito errôneo quando são associados a coisas boas, do bem, e coisas más, do mal, respectivamente. Na verdade são pólos de mesma intensidade, e importância, mas distintos e complementares. O chamado pólo negativo da bateria é realmente onde se manifesta a geração ou produção de energia; nada há de ruim ao redor dele. Costuma-se denominá-lo de Catódio em lugar de negativo. Desse pólo, o Catódio, procede a imensidade de elétrons ou corpúsculos com carga elétrica negativa, geradores de corrente elétrica; dele saem os raios que revolucionaram as mais novas concepções científicas em equipamentos que se aperfeiçoam todo momento. O pólo catódico é a mãe de todos os fenômenos que têm tornados obsoletos os velhos livros, mas não inúteis. Esse pólo é o Princípio Materno dos fenômenos elétricos e das formas mais sutis da matéria. Por isso devemos evitar o termo negativo e mudarmos para Feminino em todas as considerações herméticas.
Os elétrons são corpúsculos com energia feminina, corpúsculos que ativamente procuram união com corpúsculos masculinos, sendo incitados a isso pelo impulso natural de criar novas formas de matéria e energia. Esta ação forma a base das atividades do mundo químico. As partículas femininas vibram rapidamente sob as influencias da energia masculina resultando no nascimento de um novo átomo, novas moléculas. Essa construção é devido à união de corpúsculos femininos e masculinos, mas quando a união é formada, o átomo torna-se uma coisa separada, tendo certas propriedades, mas não manifestando a propriedade da eletricidade independente das partículas formadoras. O processo de destacamento ou separação dos elétrons femininos é chamado de ionização. Esses corpúsculos são os mais ativos trabalhadores da natureza. Provenientes de suas combinações, suas uniões, se manifestam os fenômenos da luz, do calor, da eletricidade, do magnetismo, da atração, repulsão, afinidade química e outros fenômenos mais. Tudo isso procede da ação do princípio de Gênero no Plano da Energia.
O Princípio Masculino parece ser a de dirigir certa energia inerente para o Princípio Feminino e assim pôr em atividade o processo criativo. Mas o Princípio Feminino é sempre o único que faz a ativa obra criadora, e isto é assim em todos os planos. Cada princípio é incapaz da energia operativa sem o outro.
Podemos afirmar que os dois princípios estão até mesmo nos minerais. Experimentos científicos hoje demonstram um comportamento referido como curioso, para os cientistas mas não para os hermetistas, na formação dos cristais onde foi descoberto algo que corresponde a um comportamento sexual dentro dos minerais. É uma confirmação do milenar Princípio de Gênero do hermetismo. Esse princípio está em ação e manifestação constante no campo da matéria inorgânica e no campo da Energia ou Força. A eletricidade é considerada alguma coisa em que todas as outras formas de energia parecem se dissolver. Há a teoria elétrica do universo, onde tudo está embebido em eletricidade, fonte de manifestação do Gênero. A atração e repulsão dos átomos, a Lei da Gravitação, onde estranha atração há pela qual todas as partículas e corpos de matéria no universo tendem umas para as outras, tudo é manifestação do Princípio de Gênero, que opera na direção de atração da energia masculina para a feminina e vice-versa.
Falaremos um pouco sobre o Gênero Mental. Os estudantes de psicologia que seguiram o modo moderno de pensar a respeito dos fenômenos mentais ficaram surpresos pela existência da dupla idéia mental que se tem manifestado tão fortemente desde a metade do século XIX, donde veio grande número de teorias a respeito da natureza da constituição das duas mentes no ser humano. Thompson J. Hudson em 1893 estabeleceu a teoria das “mentes objetiva e subjetiva”, presentes em cada pessoa, segundo o autor. Outras teorias sobre “mentes consciente e subconsciente”, “mentes voluntária e involuntária”, “mentes passiva e ativa”, etc., na verdade abordam o princípio oculto da dualidade da mente.
O hermetismo já abordava esse assunto, o estudante de filosofia hermética analisa essas teorias “novas” com distanciamento porque seus estudos mostram que o conhecimento da ciência hermética já em tempos imemoráveis, há milênios, pregava esses ensinamentos. Fica distante das paixões de escolas que defendem tenazmente suas próprias teorias que clamam ter descoberto a verdade. O estudante volta para trás nas páginas da história oculta e, nos primeiros elementos dos preceitos ocultos, encontra referencias à antiga doutrina hermética do Princípio de Gênero no Plano Mental: a manifestação do Gênero Mental. A antiga filosofia já tinha conhecimento dos fenômenos da mente dual. A idéia de Gênero Mental pode ser explicada em poucas palavras aos estudantes de hermetismo que estão familiarizados com as modernas teorias há pouco abordadas. O Princípio Masculino da mente corresponde à chamada Mente Objetiva, Mente Consciente, Mente Voluntária, Mente Ativa; o Princípio Feminino da Mente corresponde à chamada Mente subjetiva, Mente Subconsciente, Mente Involuntária, Mente Passiva. Certamente que os preceitos herméticos não concordam com as diversas teorias modernas sobre a natureza das duas faces da mente; vamos agora considerar os preceitos herméticos sobre o Gênero mental.
Os instrutores herméticos dão as suas instruções a respeito deste assunto fazendo os seus estudantes examinarem a relação da sua consciência a respeito do seu Ego. Os estudantes aprendem a por a sua atenção no Ego que habita em cada um de nós. Cada estudante aprende a ver que sua consciência lhe dá uma primeira relação da existência do seu Ego: a relação é “Eu sou”. A princípio isto parece ser a última palavra da consciência, mas um exame mais profundo descobre que este “Eu sou” pode ser separado ou dividido em duas partes distintas, dois aspectos, os quais, apesar de agirem em uníssono e em conjunto, podem ser separados na consciência.
Apesar de parecer existir um só Ego, um exame cuidadoso e profundo mostra que existe um Ego e um Eu. Estes gêmeos mentais diferem em características e natureza, e um exame das suas naturezas e dos fenômenos de que procedem dará muita luz sobre muitos problemas da influencia mental. Vamos começar com uma consideração sobre o Eu, que é usualmente tomado pelo Ego, até que se investigue os acessos da consciência. Um homem pensa do seu Ego como sendo compostos de certos estados, modos, hábitos, características, etc. Tudo o que faz sobressair a sua personalidade, ou o seu conhecimento de si e dos outros. O homem conhece que estas emoções e sensações mudam, nascem e morrem e que estão sujeitas aos Princípios de Ritmo e Polaridade que as levam de um extremo a outro. Pensa também que o Eu é formado de certos conhecimentos reunidos na mente, formando parte dele mesmo.
O Ego dos homens consiste da sua consciência corpórea e dos seus apetites físicos. Essa consciência sendo presa à sua natureza corpórea, faz com que muitos seres praticamente vivam nela. Muitos homens ainda consideram o seu vestuário como parte do seu Eu, e atualmente parece considerá-lo como parte de si mesmos. Muitos dos que estão presos à idéia do vestuário pessoal afirmam fortemente que a consciência do seu corpo é o seu Eu, o que na verdade é o seu Ego; não podem ter idéia de uma consciência independente do corpo. Sua mente parece-lhes ser praticamente coisa pertencente ao seu corpo. Conforme o homem sobe na escala de consciência, ele se torna capaz de distinguir o seu Eu da idéia do corpo e de pensar que este é uma coisa pertencente à sua parte mental. Assim poderá identificar inteiramente o Eu com os estados mentais, as emoções, que ele sente existir dentro de si; é capaz de considerar esses estados internos como idênticos a ele mesmo, em vez de serem simplesmente coisas produzidas por uma parte da sua mentalidade: sendo suas, estando nele, mas não sendo ele mesmo; compreende que pode mudar estes estados mentais de emoções por esforço da vontade e que pode do mesmo modo produzir uma emoção ou um estado de uma natureza exatamente oposta, e, contudo, continua a existir o mesmo Eu.
Sendo assim, o estudante de hermetismo é capaz de por essas sensações no não-Eu, no Ego, coleção de curiosidades e embaraços como uma posse de valor. Isto requer muita concentração mental e poderes de análise mental da parte do estudante, porém, mesmo assim a tarefa só é possível aos estudantes avançados. Depois que o processo de por à parte for executado, o estudante poderá estar em posse de uma consciência que pode ser considerada em seus dois aspectos: do Eu e do Ego. O Eu será considerado como coisa mental em que os pensamentos, as idéias, as emoções, as sensações, e outras condições mentais são produzidas. Pode ser considerado como a matriz mental, como o disseram os antigos, capaz de fazer a geração mental. Manifesta-se também na consciência do feminino, com poderes latentes de criação e geração das progênies mentais de todas as espécies e reinos. Sente-se que as suas forças de energia criativa são enormes, contudo, parece ser consciente que ele recebe muitas formas de energias do seu Ego companheiro, ou de outro Ego, quando é capaz de dar existência às criações mentais. Esta consciência traz consigo a realização de uma enorme capacidade para operação mental e habilidade criativa, porém o estudante logo descobre que isto não é tudo o que percebe dentro da sua consciência interior; percebe que existe uma Coisa Mental que é capaz de querer que o Eu Feminino acione na direção de certa linha criativa, e que também é capaz de sustentar e provar a criação mental.
Esta parte sentida dentro não tem habilitações para gerar e criar ativamente, dentro das operações mentais, mas tem o sentimento de consciência de uma facilidade para projetar uma energia do Eu Feminino ao Ego Masculino – um processo de desejo que a criação mental comece e continue. Compreende também que o Eu Feminino é capaz de sustentar e abrigar as operações da criação mental do Ego Masculino. Na mente de cada pessoa existem esses dois aspectos. O Eu representa o princípio feminino de gênero e o Ego representa o masculino. O Eu representa o aspecto da Existência, o Ego o aspecto de Estado. Ambos são semelhantes, porém muito diferentes em um princípio – O Princípio de Correspondência. A tendência do Principio Feminino é sempre receber impressões, ao passo que a tendência do Principio Masculino é sempre dá-las ou exprimi-las. O Principio Feminino tem um campo de operação mais variado que o Principio Masculino. O Principio Feminino dirige a obra da geração de novos pensamentos, conceitos, idéias, incluindo a obra da imaginação. O Principio Masculino se contem na obra da Vontade, nas suas várias fases. As pessoas que prestam uma contínua atenção a um assunto empregam ativamente ambos os princípios mentais: o feminino na obra da ativa geração mental, e a vontade masculina na estimulação e fortificação da porção criativa da mente. A maioria das pessoas emprega pouco o seu Principio Masculino, e contentam-se em viver de acordo com os pensamentos e as idéias insinuadas no Ego pelo Eu de outras mentes.
Os estudantes de fenômenos psíquicos estão cientes dos admiráveis fenômenos classificados sob o título de telepatia, transmissão de pensamentos, influencia mental, sugestão, hipnotismo, dentre outras. Muitos procuraram uma explicação destas várias fases de fenômenos nas teorias de diversos instrutores da mente. Há claramente manifestação de duas fases distintas da atividade mental, mas de acordo com os preceitos herméticos a respeito das vibrações e do gênero mental, compreende-se a chave para a explicação real e antiga da mente. Nos fenômenos de telepatia, vê-se como a energia vibratória do principio masculino é projetada para o principio masculino de outra pessoa, e este toma o pensamento-semente e o desenvolve até a madureza. Pela mesma forma operam a sugestão e hipnotismo. O principio masculino da pessoa dando as sugestões, dirige uma exalação de energia vibratória ou força-vontade também para o principio feminino da outra pessoa, e esta última aceitando-a recebe-a em si mesma e age e pensa de conformidade com ela. Uma idéia assim recolhida na mente de uma pessoa cresce e se desenvolve, e com o tempo é considerada como a melhor produção mental do indivíduo, porquanto em realidade, é como o ovo do cuco colocado no ninho de outra espécie, quando aquele destrói a produção presente e se põe no ninho. O normal é que os princípios masculino e feminino na mente de uma pessoa se coordenem harmoniosamente em conjunção com os princípios de outra pessoa, mas infelizmente, o principio masculino nas pessoas médias é muito lento em agir, a aplicação da força-vontade é muito vagarosa, e a conseqüência é que essas pessoas são quase inteiramente dirigidas pelas mentes e os desejos das outras pessoas, permitindo que façam as suas idéias e os seus desejos. Quão poucas ações ou pensamentos originais são realizados pelas pessoas médias? A maioria das pessoas simples são sombras e ecos de outras que têm vontades ou mentes mais fortes.
Isto acontece porque a pessoa média vive mais na consciência do seu Ego do que na do Eu. Está polarizada seu Principio Feminino da mente, e o Principio Masculino, em que se acha a vontade, é obrigado a ficar inativo e sem emprego. O homem e a mulher fortes manifestam invariavelmente o Principio Masculino da vontade e a sua força materialmente depende desse fato. Em vez de viver das impressões dadas às suas mentes pelos outros, dominam a sua própria mente por sua vontade, obtendo a espécie desejada de imagens mentais, e ainda mais, dominam do mesmo modo as mentes dos outros. As pessoas fortes implantam os seus pensamentos-sementes nas mentes das massas do povo, fazendo prevalecer seus desejos e suas vontades sobre as pessoas. Isto se dá porque as massas do povo são como que criaturas-carneiros, não dando origem a uma idéia própria e não empregando as suas próprias forças de atividade mental.
A manifestação do gênero mental pode ser observada ao nosso redor todos os dias da vida. As pessoas magnéticas são as que podem empregar o principio masculino com o fim de imprimir as suas idéias nos outros. O ator que faz o povo chorar ou rir como quer, o faz empregando este principio. E assim o é sucessivamente o orador, o político, o pregador, o escritor, ou qualquer que tenha a atenção do público. A influência particular exercida por algumas pessoas sobre outras é devida à manifestação do gênero mental, na direção da linha vibratória masculina. Neste principio acha-se oculto o segredo do magnetismo pessoal, da influencia pessoal, da fascinação, assim como o hipnotismo.
Qualquer que seja o costume de fazer detalhes a respeito das muitas formas de fenômenos psíquicos e da ciência mental, colocamos providencialmente na mão do estudante do hermetismo as idéias pelas quais pode instruir-se muito a respeito de cada fase do assunto que o interessar. Com o auxílio do Caibalion pode-se fazer uma livraria oculta, a velha Luz do Egito, iluminando as páginas e os assuntos obscuros. Este é o fim destes estudos, sem a pretensão de expor uma nova filosofia, mas sim fornecer traços de grandes preceitos do mundo antigo, do antigo Egito, que poderá esclarecer as doutrinas de outros, que servirá de Grande Reconciliador das diferentes teorias e doutrinas do presente.